Atualizado em: 23 abril, 2025
Francisco Clailton Alves de Abrantes é professor de Ciências da Natureza no Colégio Marista de Brasília
Como educador, tenho acompanhado algumas iniciativas sustentáveis que transformam a relação dos jovens com o meio ambiente. Um exemplo marcante são as saídas de campo que proporcionam vivências e não apenas ensinam conceitos científicos, mas também cultivam um senso de responsabilidade ecológica que ultrapassa os muros da escola.
Durante uma expedição, os alunos têm a oportunidade de coletar amostras de água para análises em microscópios, testes de pH (que medem a acidez ou alcalinidade da água) e verificação de minerais, registram dados ambientais, como temperatura interna e externa à mata, umidade, incidência de luz e características do Cerrado e das plantas próximas às nascentes. Observam, por exemplo, o tamanho e a textura das folhas, o formato dos troncos e a presença de cera nas folhas – adaptações que ajudam as plantas a sobreviver naquele ambiente. Também identificam relações ecológicas, como a interação entre espécies de animais e plantas, mostrando como a natureza funciona em equilíbrio.
Uma atividade como essa não se limita à coleta de dados, pois os estudantes são incentivados a refletir sobre o que observaram, discutindo fatores como a qualidade da água e a preservação da vegetação impactam a vida das nascentes. Ao final, após analisarem os resultados, eles formulam hipóteses sobre as condições ambientais do local. Por que algumas plantas têm folhas maiores? Como a umidade influencia a biodiversidade ao redor da nascente? Essas discussões estimularam o pensamento crítico e a compreensão da interdependência entre os seres vivos.
Quando os estudantes têm a oportunidade de examinar a qualidade da água, medir fatores como pH e temperatura, ou identificar adaptações das plantas, eles deixam de ver a natureza como algo distante. A prática mostra que, ao tocar, medir e questionar, os jovens desenvolvem uma conexão emocional e intelectual com o ambiente. Isso é fundamental em um mundo onde questões como mudanças climáticas e escassez de recursos exigem ação imediata. A educação ambiental não pode se limitar à teoria – precisa ser experiencial.
Além do conhecimento técnico, projetos como esse estimulam habilidades essenciais: trabalho em equipe, pensamento crítico e capacidade de propor soluções. Ao analisar os dados coletados, os alunos formulam hipóteses e debatem possíveis intervenções, como replantio de espécies nativas ou campanhas de conscientização. Eles percebem que sua voz e suas ações fazem diferença. Essa é a base da cidadania ambiental: entender que cada indivíduo é parte da solução.
Escolas que integram sustentabilidade ao currículo estão formando não apenas estudantes, mas agentes de transformação. Se queremos um futuro mais verde, precisamos investir em pedagogias que unam ciência, ética e engajamento. A educação ambiental prática não é um “extra” – é uma urgência. E, como educador, tenho orgulho de ver como esses projetos inspiram jovens a cuidar do planeta com conhecimento e paixão.
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