Atualizado em: 1 outubro, 2025
Pesquisa aponta aumento da autonomia dos jovens no mercado; iniciativas mostram potencial de expansão do setor
Nos últimos 12 anos, o número de jovens empreendedores no Brasil cresceu 25%, segundo levantamento da Agência Sebrae de Notícias. O fenômeno é explicado por fatores como a busca por autonomia, a digitalização dos negócios e a simplificação do processo de formalização via MEI.
“Os jovens cada vez mais almejam construir uma carreira independente e buscam no empreendedorismo a realização desse sonho. Atualmente, eles se sentem mais seguros para fazer esse investimento e apostar no futuro”, explica Décio Lima, presidente do Sebrae Nacional.
Para Márcio Guimarães, diretor de negócios do Arcoworking, esse movimento reflete uma mudança cultural e tecnológica: “Os jovens não querem mais ficar presos apenas a empregos tradicionais. Com um celular e acesso à internet já é possível começar um negócio. Além disso, o ambiente econômico mais estável e os mecanismos de formalização estimularam o empreendedorismo jovem”, destaca.
O perfil desse novo empreendedor é diverso: a maioria tem menos de 30 anos, há uma crescente participação feminina e grande parte se identifica como negra. Muitos estão em processo de formação acadêmica, conciliando estudos com a abertura do próprio negócio.
Em Brasília, os desafios são particulares. “Aqui enfrentamos uma burocracia maior, custo de vida elevado e um ecossistema de startups ainda em amadurecimento. Muitos jovens têm boas ideias, mas precisam de mais preparo em gestão e acesso a crédito para transformar iniciativas em negócios escaláveis”, observa Guimarães.
Ainda assim, exemplos de sucesso mostram que o potencial é enorme. Um deles é o YOLO, aplicativo de vantagens gastronômicas criado pelo empresário brasiliense Victor Thomé. A plataforma cresceu 500% em dois anos, já está presente em três capitais e movimentou R$9,5 milhões em 2024.
“Empreender é uma arte. Criar soluções que realmente atendam às necessidades das pessoas e, ao mesmo tempo, gerem valor para todos os envolvidos é o coração do sucesso de qualquer negócio. O YOLO nasceu para ajudar as pessoas a economizarem no dia a dia, ao mesmo tempo em que fortalece os restaurantes parceiros”, explica Thomé.
Para Márcio Guimarães, iniciativas como o YOLO evidenciam a força do ecossistema local: “Brasília tem jovens criativos, conectados e dispostos a inovar. Falta ampliar o acesso a capital de risco e aproveitar melhor o potencial das universidades e centros de pesquisa. Se conseguirmos alinhar esses pontos, a cidade tem tudo para se tornar um polo nacional de startups”, comenta.
“Quando comecei o YOLO, nosso maior desafio foi mostrar que empreender jovem não é apenas ter ideia, mas fazer ela traduzir em valor real: para você, para o cliente, para o parceiro”, ressalta Victor. Em um momento em que mais de 4,9 milhões de jovens lideram negócios no Brasil, alcançando em 2024 o rendimento médio mais alto da série histórica, segundo dados do Sebrae, Victor completa que não basta empreender, é preciso empreender bem. “É necessário buscar formação, buscar estrutura, pensar no longo prazo. É nessa diferença que mora o futuro”, conclui Victor.