Instituto Muhda conquista prêmio de R$500 mil para reaplicar projeto que leva alimento, remédio e arte para comunidades tradicionais em SC e RS

Brasília, quinta-feira, 27 junho, 2024

Foto: Muda de palmeira Juçara. Crédito: Acervo Instituto Muhda.


Atualizado em: 27 junho, 2024

Iniciativa visa apoiar a causa indígena Guarani, os assentados da luta pela terra e as famílias da agricultura familiar extrativista para preservação da Mata Atlântica

O Instituto Muhda, associação civil sem fins lucrativos em Florianópolis (SC), conquistou o prêmio de R$500 mil oferecido pela Fundação Banco do Brasil para reaplicar a Tecnologia Social intitulada “Mandala Tintorial”. O projeto integra comunidades indígenas Guarani M’bya, trabalhadores assentados da luta pela terra e famílias agricultoras extrativistas da palmeira açaí Juçara, espécie nativa da Mata Atlântica e ameaçada de extinção.

A premiação ocorreu no encerramento da Semana Nacional de Tecnologia Social, realizada de 18 a 21 de junho, em Brasília (DF). O evento promoveu mesas, debates e exposições das Tecnologias Sociais e de seus respectivos produtos, que fazem parte da Rede Transforma!, principal instrumento utilizado pela Fundação Banco do Brasil para disseminar soluções para o enfrentamento das questões socioambientais atuais.

Mandala Tintorial

A Mandala Tintorial é um projeto simples em essência: trata do cultivo consorciado de plantas em terras habitadas por comunidades tradicionais, de modo a conjugar o enfrentamento da insegurança alimentar e a produção de remédios, além de fortalecer o artesanato com matérias-primas naturais.

O escopo do projeto envolve a implantação de 15 novas mandalas em territórios distintos: uma no Espaço Terapêutico Flor de Hibisco, assentamento da Reforma Agrária, em Araquari (SC); uma na Agroindústria Familiar Barbacuá, espaço de processamento do Açaí Juçara, fortalecendo a cultura extrativista sustentável, em Praia Grande (SC); uma no Parque Muhda, espaço de turismo de base comunitária e educação ambiental, em Florianópolis (SC); seis mandalas em aldeias Guarani M’bya do norte catarinense; e seis mandalas nas propriedades da agricultura familiar, no sul de SC e no norte do RS.

Mandala tintorial, alimentar e medicinal. Crédito: Acervo Instituto Muhda.

Além do investimento de R$500 mil a ser realizado pela Fundação Banco do Brasil, como forma de reforçar seu compromisso com as causas que envolvem o projeto, o Instituto Muhda ofereceu uma contrapartida adicional de R$222 mil. Dessa forma, serão mobilizados os recursos totais de R$722 mil, com a execução prevista para ocorrer entre setembro de 2024 e dezembro de 2025.

A primeira fase do projeto envolve reuniões periódicas com as comunidades a fim de estabelecer as características das mandalas, considerando as demandas específicas de cada território. Segundo Anna Viana, responsável pela Tecnologia Social Mandala Tintorial, “em 2021, quando o Instituto Muhda iniciou projetos com as comunidades guaranis junto ao Espaço Terapêutico Flor de Hibisco, no assentamento agroecológico Justino Draszevski, ouvimos das lideranças locais que, apesar de o artesanato representar fonte de renda essencial para a sobrevivência nas aldeias, sair do território para obter matérias-primas e vender peças ainda representa uma grande exposição de perigo e risco”.

O projeto impactará mais de 20 municípios e quase 20 mil pessoas dentre as comunidades assistidas e participantes das ações de educação ambiental nos territórios. O Espaço Terapêutico Flor de Hibisco, a Agroindústria Familiar Barbacuá e o Parque Muhda, reconhecidos pelo turismo de base comunitária, são exemplos deste movimento.

Marcio Reis, cofundador da Agroindústria Familiar Barbacuá, Neiva Vieira, especialista em plantas medicinais, e Rodrigo Reis, diretor executivo do Instituto Muhda. Crédito: Acervo Instituto Muhda.

Como uma premissa que norteia o trabalho do Instituto Muhda, a contribuição com a sustentabilidade e a justiça socioambiental, recentemente foi conferido à entidade o Selo Verde Ecooar Floresta, que atesta que 100% do CO2 emitido com as atividades da instituição foi compensado por meio do plantio de árvores e do reflorestamento de áreas degradadas.

Nas palavras de Rodrigo Reis, Diretor Executivo da entidade, “para o Instituto Muhda, o cuidado ancestral com a terra e a inovação tecnológica não são dimensões opostas, mas complementares na promoção da justiça socioambiental. Por isso, a estratégia de implantação da Mandala Tintorial equilibra saberes milenares de plantio com técnicas da agroecologia.”

SOBRE O INSTITUTO MUHDA  

O Instituto Muhda é uma associação civil sem fins lucrativos, sediada em Florianópolis (SC), que busca conquistar autonomias com resiliência e determinação, comungando sonhos e trabalhando em união. Enquanto movimento, os caminhos são orientados a partir de diretrizes que, como bússolas, norteiam as intenções do corpo coletivo do Muhda. São elas: soberania alimentar, saúde, educação, apoio às populações vulnerabilizadas, sustentabilidade e estímulo à arte e à cultura.

Na organização do Instituto, uma rede integrada se esforça para catalisar mudanças transformadoras a favor da vida, liderando iniciativas socioambientais que promovem diversas formas de autonomia. No coração da entidade, está um quadro de colaboradores e parceiros adeptos, com um coletivo de especialistas que abrangem vários campos do conhecimento. Para cada projeto distinto, são selecionados profissionais cujas habilidades se harmonizam e se complementam, alimentando uma visão integrada de suporte e ação impactante nos territórios tocados.

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